quinta-feira, 27 de maio de 2010

A tragédia de ADA II - vida real

Quem me vê na noitADA pensa: "que retardADA!"
Quem me vê na manhã ensolarADA pensa: "que mal humorADA!"
Quem me vê na noite enluarADA pensa: "que tristeza exagerADA!"
Quem me vê correndo pela estrADA pensa: "que mulher exercitADA!"
Quem me vê junto à mulherada pensa: "ela é toda errADA!"
Quem me vê junto a homarada pensa: "ela só pode ser trocADA!"
Quem me vê a cada virADA - de ano - pensa: "ela não muda nADA!"
Quem me vê como namorADA pensa: "ela não nasceu pra ser casADA!"
Quem me vê andando apressADA pensa: "ela deve estar atrasADA!" - (e sempre "to")
Quem me vê sentADA na calçADA pensa: "meu Deus, que criatura largADA!"
Quem me vê de cabeça abaixADA: "parece arrasADA!"
Quem me vê apaixonADA pensa: "como ela está enganADA!"
Quem me vê escrevendo pro nADA pensa: "deve ser triste ser ignorADA!"
Quem me vê tocando violão adoidADA pensa: "que desafinADA!"
Quem me vê falando da vida passADA pensa: "ela é tão amargurADA!"
Quem me vê lendo de pé e escorADA pensa: "ela deve ser estudADA!"
Quem me vê tricotando na sacADA pensa: "ela é tão defasADA!"
Quem me vê toda amarrotADA pensa: "que mal arrumADA!"
Quem me vê toda arrumADA pensa: "deve ter sido sensurADA!"
Quem me vê calADA pensa: "vai dar uma chuvarADA!"
Quem me vê durante toda essa escalADA - vida - pensa - e tem certeza: "que azarADA!"
Quem me vê continuando a jornADA pensa: "que obstinADA!"
Quem me vê sozinha no cinema de madrugADA pensa: "deve estar encalhADA!" - e to também -
Quem me vê rindo assim do nADA pensa: "deve ter sido cantADA!"
Quem me vê dando uma risADA pensa: "deve estar engasgADA!"
Quem me vê aqui despenteADA pensa: "ela é tão desocupADA!"
Quem me vê em meio a despesa calculADA pensa: "ela é tão preocupADA!"

E quem não me vê, nem viu, não mais verá! Eu fui ADA e de tão perseguIDA, hoje to de saÍDA dessa vIDA .
ADA tá de IDA, talvez um dia, ela seja vINDA, se a vIDA não for fINDA.

***********************
Eu sou bem assim, um pouco de tudo isso: frente e verso. E hoje queria ser aquela palavra segura entre dois colchetes.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Entendam como quiser, inclusive a prazo.

E o que isso tem a ver com o amor?

Estive pensando - por ter estado observando - que o amor é tão fantasma quanto minha SEGURAnça, tão desconfiado quanto minha ESPERAnça e tão confiado quanto essa CRIAnça - LEVAda! - que mora em mim. E elas nem se conhecem, embora me habitem. Eu sou o espaço vazio entre os cômodos e elas os incomodos da ausência. Vez ou outra, entram, alimentam-se, trocam bilhetes, banham-se, vão-se à rua, à casa alheia e por que não eu - ? - que fico "meia" sem conserto e, como efeito, desconcertada.
Bom saber que em outros tempos não fui lar, nem casa, nem mofo no vazio, já fui estrada e, ainda que desabitada, tinha o ar que me preENCHIA e o céu... de onde vinha aquela cor?
Todas que moram em mim hoje - conDOMÍNIO - têm seus gostos para o meu mais repleto desgosto. Uma ama aquele menino que se camuflaria se possível fosse. A outra já quer o olhar "sem medo" daquele que é tão ENTREgue e sempre à mão - não de graça, obvialmente, tudo tem um preço e eu pago, novidade, a prazo. Este último tem medo não, tão pouco preocupação e ela, quando ao seu lado, esquece que já existiu companhia melhor. Nem planos eles têm, apenas o presente lhes convém. E tem mais uma aqui, a mais perdida, mas a mais BO(nit)A, embora tenha perdido a beleza que é acreditar no sonho, no possível - e seria o amor uma possibilIDADE? - naquilo que não se pode tocar e, mesmo assim, sentir. Ela, a mais parecida com o que um dia eu fui, quer alguém além, não que seja o novo, o inaugurável nem o inIGUALável. Talvez queira ela, assim como quis eu um dia, ser tão de si a ponto de poder ser de outrem. Eu não consegui, mas creio que a esperança ajudará essa criança, hóspede, a lutar contra a segurança fantasma. Vá-se e um dia perceba que também fui eu, um(a) SOMbra que a falta de luz apagou.

Isso não tem a ver com o amor, mas tem tem um haver comigo (pagarei a prazo).

Sabem, dividir momentos com caras especiais e amar e admirar as coisas boas que cada um deles têm, a ponto de sonhar tê-los inteiros num só, faz-me feliz porque sinto que o gosto da vida não precisa ser amargo, pode ser recheado dessas e de outras coisas. Mas, não posso ser três, nem duas ou mais ou menos. Posso ser eu, brincando de pOUSADA enquanto o frio rePOUSA aqui.

********

Saudades tantas eu estava de rascunhar.

troiana22

sábado, 22 de maio de 2010

A prazo

A forma de pagamento está intimamente ligada ao limite que temos; e o meu acabou numa série de "quandos" - acumulados em "quantos"! - que me fizeram perder o rumo, sem saber por onde começar - a pagar.
Sim, eu perdi o crédito quando, primeiramente, duvidei de mim mesma. Não deveria ter feito isso, porque não pude mais me ter, comprar-me à vista - dos outros -, pagar por mim e, desde então, tenho me tido assim, por um tempo, emprestada, depois readiquirida em prestações e, às vezes, preciso me alugar, pra poder me pagar (não vou rir da ambiguidade disso, porque rir custa caro quando se cobra sinceridade) e manter.
O que me deixa, não feliz, mas conformada - e eu não sou muito lá de conformismo nem tão pouco de otimismos maximizados - é saber que, assim como eu, tudo ao meu redor pode perder o seu valor, inclusive você. E eu nem preciso dizer como calculo seu limite de crédito, não é? Pode ter certeza - se ela existir - de que o item "espera de recompensa" não compõe a minha fórmula. Ela é uma equação sem resultado exato, mesmo porque a emoção - oriunda dos tantos sentimentos - é tão inexata quanto eu.
Não é bom estar em débito, mas também não faz sentido viver sem nada por medo de não ter como pagar.
Se puder, acumule pontos, conquiste crédito, trabalhe pra isso. Senão, faça como eu, pague a prazo e volte sempre!