segunda-feira, 26 de julho de 2010

A quem interessar possa

Esta poderia ser uma daquelas cartas que se deixa antes do suicídio, mas a voz que vos fala, cópia machadiana, já é morta.
Não é uma carta de despedIDA, porque meus pés já não me levam a lugar algum.
Nem poderia fugir, já sou fugitiva de mim há tantos anos e nem me policio mais.
E se fosse, não deixaria nada para trás, porque é isso o que eu tenho: nada.
E como se pode ser uma alma tão pesada quando não há o que se carregar? Talvez, por muito tempo, eu fui levada e, agora, só o meu peso já seja uma carga em tanto.
Eu sempre adiei felicidade, à espera de que a forma clandestina dela viesse e eu, assim como a menina, pudesse escondê-la, fingindo não tê-la pra, só então, tê-la novamente.
Eu tenho tido muito do que sonhei, muito do que prometi ser minha felicidade clandestina: trabalhos, situações, faculdade, momentos... dos quais eu falava: "quando eu tiver isso, vou ser a pessoa mais feliz do mundo". De qual mundo? De que mundo eu sou? Será que do mesmo que você? Eu lá sou pessoa?
De tudo que tenho tido e do pouco de felicidade que me trazem, posso dizer poucas coisas, mas a mais verdadeira delas é: eu consegui!
Resta ou falta, então, continuar buscando coisas que possam ser minha felicidade clandestina?
Falta coragem, eu sei, mas ainda não sei o que tenho de encarar. Eu sou uma criança sem sonhos, uma máquina sem comando, um ser sem destino... um sem o outro (seja lá quem for): não são sinônimos, não são analogias, isso não me serve, não me veste enquanto tento me despir.
E se eu não tenho tudo o que quero é porque não mereço nem o pouco que tenho. Sabe por quê? Já tá afirmando, porque faço disso um pouco, porque comparo e, assim, nada mereço. Nem os amigos, vestidos, talentos, inventos... momentos.
Se o mundo explodisse hoje, eu seria apenas mais um pedaço de carne voando.
Simples não?
Taí, voar talvez seja o caminho da minha próxima felicidade clandestina.
Morri sem ninguém - ver.
Eu morri, amém!!
----
Não vou voltar à vida!
Não, vou voltar à vida!
Vou não, à vida voltar!
Não vou à vida voltar!
Voltar à vida? Não vou!
Não, à vida voltar? Vou!
E se a vida não voltar? Eu vou!

Um comentário:

  1. Mi,

    Quedê você, eu vim aqui só pra te ver...ahahaha. Que conversa é essa de morrer? Tá vivinha da silva que eu vi, viu? Cê foi lá no blog... :)

    Coisa boa é esse seu carinho, menina linda.

    Volte logo!

    Beijo bem grandão.

    Rebeca

    -

    ResponderExcluir