domingo, 26 de setembro de 2010

Estar junto

2010: Continua valendo pra mim, mesmo depois de tanto tempo.

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2008: Há muito tempo, um certo alguém muito especial me perguntou: “O que é estar junto pra ti?”. Ele era tão importante, naquela época, que não consegui dizer nada. Fiquei tão "puta" por não ter respondido que aquela pergunta ficou matutando na minha cabeça, até que nasceu um dos escritos menos subjetivos que já fiz. Estou falando disso porque tenho me perguntado sobre estar ou não junto e, ao reler o texto, percebi que nada mudou, ainda vejo que estar junto tem mais a ver com estado emocional e sentimental do que civil. Nem sempre perto, mas junto...
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2006: Estar junto...

Entre a distância e o afago há, além de tempo, uma intensidade de sentimentos... Ainda assim acredito que estar junto é:
Enxergar a vida com olhos dobrados, ouvir as palavras em um eco, caminhar, mesmo que sem destino, sentindo passos que lhe acompanham.
Ao contrário do que muitos pensam, estar junto não é sorrir a desconhecidos naqueles intermináveis domingos de família, mas pode ser um sorrir a dois, um sorrir sincero que só quem recebe sabe o verdadeiro valor.
Estar junto não é trilhar caminhos de mãos entrelaçadas, com olhos por todos os cantos a observar, vem ser, em um segundo apenas, um olhar intenso, de canto a canto do sentir.
Não é ouvir belas palavras, mas ouvir aquelas que precisamos e fazer do silêncio uma resposta.
Prefiro não acreditar que pessoas mantenham aparências para sentirem-se juntas, se o que vale é a transparência, aparentar não é estar (junto)...
E quando fico a mirar o céu, lá do alto, eu estou junto, porque te trago comigo, te carrego sem ao menos reclamar tua ausência. Fecho os olhos e, logo, ali estás...
Estar junto é entender o caminhar alheio, aceitar o tamanho de seus passos e nem sempre seguir suas pegadas. É respeitar...
Estar junto é querer bem, é sentir saudades, é imaginar sombras, é ter visões, é um abraço na volta, um beijo na despedida, repetidas vezes, porque, quando se está junto, não há limites, nem regras e, se houver, são rompidos e quebradas, não por contrariedade, mas por simples necessidade de um minuto a mais.
Não é prisão, não é isolar-se, nem é preciso abrir mão de nada, porque estar junto é libertar-se de males, é ter em suas mãos muito do que se precisa pra viver.
Estar junto é muito mais do que uma condição, é intenso quando é real, é alegre quando se torna inevitável, é triste quando algum dia deixa de ser.
Abro-me em palavras porque sinto que nelas flutuo, meu olhar não te engana, não te pede nada, tão pouco te implora. Minhas palavras tal como um complemento a tudo que vês em mim, vêem mostrar um algo a mais do meu querer.
Na areia, no frio nublado, no sol radiante, se a lágrima correr ou aquele sorriso nascer, eu estou junto, porque fui despertada de um sonho tão louco quanto esta realidade.
Para estar junto é preciso permitir-se um tempo, aceitar a distância e render-se ao afago. Sobretudo, é apenas um querer...
MACIEL, Milene Batista – 12/02/2006 – 22:50
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2008: Então, ainda é assim que as coisas funcionam...
2010: Sim, ainda funcionam assim...

by troiana22

domingo, 19 de setembro de 2010

Perdida e salva

Há muitos motivos que nos levam a olhar para a vida de outras pessoas: curiosidade, inveja, admiração, falta do que fazer, tendência, cultura ou, talvez, falte-nos algo de melhor pra olhar em nossas próprias vidas. Eu já usei todas essas justificativas para deixar de olhar pra mim e olhar para os outros. Mas, dependendo da forma como se olha, com ou sem veneno, essa olhadela pode até ser positiva.
Quando estou caminhando por aí, tão apressadamente quanto os demais, pergunto-me: "qual é a pressa que motiva?".
Passo em frente às igrejas e...: "eles têm um Deus para acreditar".
Encontro caras usando camisetas de times de futebol, logo, eles têm por quem torcer, ainda que o time mais perca que ganhe, a torcida fica - a torcer.
Têm também os "camisetas do Nirvana e afins" e por que não dizer que eles tem alguém pra admirar? Ou alguma filosofia de vida pra dizerem que tem...
Viro uma esquina, encontro uma escola e, à porta dela, uma fila de mães esperando seus filhos e filhas. Elas têm de quem cuidar (e tantos outros verbos).
Gente apressada, levando seus notes, saltos musicando o asfalto. Crachás que pouco nos identificam.
Sempre leio os nomes de cursos das pastas que me cruzam, quantas provas por fazer ou quem sabe um TCC?
Vejo ali, próximo a MIm, um casal que num embate ao final do dia, logo me bate o coração: sim, eles têm a quem amar, de quem sentir o mais miserável dos ciúmes, por quem podem manifestar as maiores caretices e "breguices" do romantismo. Eles podem porque querem ou porque não puderam dizer não. E o fazem descaradamente como quem diz: "viu viu, você não quis..."
Não olho mais nada disso com inveja, apenas com leve curiosidade, nem tudo admiro, tenho muito o que fazer, sigo tendências e penso no que nos é imposto como cultura. Mas, não posso negar que a minha vida tem me despertado pouca atenção.
Eu nem sei qual motivo da minha pressa, corro por quê? De quê? De quem? Por quem?
Sigo apressada e calada, são meus olhos, sem veneno, que tudo observam num desespero de falar e calar a boca do coração.

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misstroiana

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SEgUrAR

Se o ar não fosse tão pesado, seria possível voar?
Talvez... às vezes, eu não consigo sequer caminhar.
Não sei se é pesado ou SEgUrAR é que pesa ao nos carREGAR.
Se o ar fosse mais respirável, seria mais fácil sobreVIVER?
Talvez... têm coisas que eu sequer tento saber.
Afinal, pra que saber tudo hoje se as coisas podem mudar amanhã?
Eu sempre fui mais de perguntas que de respostas, não é?
Eu nunca fui sempre a mesma, fui?
Nem a única?
Se não o fiz foi porque não o quis - fazer.
Mas, de repente, o ar ficou mesmo intragável, como se me dissesse que já não pode mais me respirar.
Então fiquei a pensar que a culpa é nossa e, neste caso, minha: culpei o ar por um peso que não cabe a ele carregar.
SEgUrAR, na garganta, prende a nossa migalha de vida, a fátia de tempo que a nós foi cedida cria bolor.
Quem nos deu a deveria ter apenas emprestado e tomar de volta aquilo que pouco ou nada foi aproveitado.
Sempre acham que eu falo de morte.
Nunca entendem que é vida que eu clAMO, é ela que eu chAMO.
Se o ar pudesse amar, nos levaria a qualquer lugar. Mas, ele só faz respirar...
E você? O que faz além de SEguR...AR?

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SEMana SIMples.