sábado, 23 de outubro de 2010

Eu me permito...

Eu me permito imitar a perfeição e abusar do coração
Me permito iniciar frases com pronomes e não ser chamada pelo nome
Me permito acordar de mau humor e dormir com insônia
Me permito quebrar a rima e "ficar" sem clima
Me permito ignorar o que você sabe e não ser covarde
Me permito saber o que você não sabe e falar a verdade
Me permito parecer o que não sou e não dizer aonde vou
Me permito ser o que ninguém vê e assistir a TV
Me permito chegar sem avisar e simplesmente ficar
Me permito ir sem me despedir
Me permito errar até sem querer acertar
Me permito brigar contra o injusto e usar vestido justo
Me permito dançar nos dois sentidos e não ter entendido
Me permito ser ignorada e mal amada
E a fazer o mesmo no próximo ensejo
Me permito rir alto e andar de salto
Me permito acreditar no humano ainda que, a cada ano, torne-se mais difícil
- acreditar -
Me permito aceitar as diferenças e não ter crenças
Me permito amar e odiar com a mesma intensidade - e "tansidade"
Me permito ser simples nos atos e complexa em fatos
Me permito esquecer uma data, não sem que isso faça a culpa aparecer
Me permito ser alguém como você - que me lê
Mesmo sabendo que posso ser melhor do que isso que nos tornamos
E você? Talvez...
Me permito mentir e fingir que era verdade
Me permito sentir saudade
Ter vaidade? Também...
Me permito morrer e não correr - do inferno
Me permito fugir, mas não desistir
Me permito escrever o que ninguém lê e ainda querer você
Me permito pedir perdão e jurar em vão
Me permito mudar sem deixar que os outros se mudem - pra longe de mim
Me permito estar aqui ou em qualquer lugar
E vazar quando esse ou aquele não mais me couberem
Me permito estar do seu lado mas, nem sempre, ao seu lado
Me permito lutar por quem mereça brigar
Me permito o silêncio quando nada mais existir pra calar
Me permito a ausência quando a minha presença não for mais presente
Me permito romper contratos e cometer certos atos
Me permito ignorar a regência do verbo permitir
Porque só ele me fez conhecer o que rege meu coração:
PERMITIR-SE

***
Dona Troiana em seu texto sem reticências ou ponto final

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