sábado, 16 de outubro de 2010

Ficar pra semente

Costumo começar posts dizendo: "tenho pensado nisso", referindo-me ao título que dou a postagem. Desta vez, porém, proporciono-me o inverso, afinal ainda não estou louca suficientemente pra pensar em "ficar pra semente".
Eu tenho pensado, na verdade, em coisas que não me fazem querer eternizar essa vida - talvez apenas a existência que ela representa. E nem é por conta da violência, das drogas, da política, etc., é porque percebo que não temos nos tornado pessoas melhores, não estamos evoluindo tanto quanto a tecnologia - a não ser que sejamos todos robôs e ninguém me avisou.
Está na fala, sobretudo no tom, no olhar, sobretudo, no desviar dele: tudo tem soado maldade e isso me cansa.
Sempre cuidei para que as coisas que eu escrevo não parecessem lição de moral, porque essa também é uma das coisas que me cansa. Pessoas gostam disso: ser maldosas e dar lições de moral.
No trabalho, eu fico o dia inteiro corrigindo pessoas e dizendo a elas o que é certo e o que é errado e, embora, o português seja uma língua realmente complicada, é muito mais fácil do que dizer o que é certo ou errado na linguagem da vida e fazer com que isso valha pra todos. Qual é o padrão? Qual nossa norma? A Bíblia? E quem a tem lido? Eu nunca a li, se não para responder àquelas perguntas da catequese.
O fato é que, pra mim, a Bíblia está para a linguagem do mundo como a Gramática está para a língua portuguesa: cometemos pecados, equívocos, deslizes, enfim, não seguimos a norma. Quanto ao segundo livro, usa-se como justificativa: a falta de estudo e a consequente ignorância e o fato de ter muitas regras e ainda mais exceções. Eu também faço uso dessas e de outras “desculpas” quando não sei responder se vai crase ou não. Nem me envergonho disso, eu sou aprendiz.
E quanto ao outro “livrinho”, quais são as justificativas que usamos para não seguir às regras? Ignoramos o conteúdo dele? Eu nunca li, mas devo saber, pelo menos, uns 70% das regras nele impostas – porcentagem que supera meu conhecimento gramatical. Nunca ouvi alguém dizer que não aplica a regra da Bíblia porque não sabia, nem tão pouco porque são muitas. E, neste caso, exceções, pra mim, são aqueles que, assim como eu, não são hipócritas, não dizem uma coisa e fazem outra, não julgam, não... ou melhor, fazem tudo isso perante aos olhos de todos e se assumem. Está bem aí a falha, a peça que tem defeito, que não nos permite avançar: a coragem – de assumir que somos humanos errantes, fracos, perdedores, maus, magoáveis, perversos, invejosos, etc. É isso que nos falta: cara e coragem para expor o que há de menos belo em nós. E é por isso que não quero nem sonhar em “ficar pra semente” num chão como esse que tem germinado frutos tão podres como os chamados de humanos.
Não estou criando regras, pode até parecer julgamento e lição de moral, mas, se for, será pra mim e não para o restante dos roBÔBOS que habitam o planeta tERRA.
Quanto à Bíblia, apenas uso uma justificativa: não a uso e, sim, vai ponto final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário